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Foto do escritorFabio Henriques

Um Filtro que Passa Tudo?


Sim, todo mundo já conhece filtros Low Pass, High Pass e Band Pass (passa baixas, passa altas e passa faixa) . Mas será que pode existir um filtro que passe todas as frequências por igual? Um filtro Passa Tudo? All Pass Filter? E se existir, serve pra quê?

 

Bom, ele existe e é extremamente importante, mesmo que atuando por debaixo dos panos. Antes de entrarmos a fundo nos APFs, vamos ver de onde vem essa utilidade.

 

- De Novo Nosso Ouvidos


Como sempre , como estamos falando de áudio, nossos ouvidos são o centro das atenções. E eles possuem uma característica surpreendente – que nem todo mundo se dá conta. Nós somos insensíveis à fase. Deixando claro que aqui estou falando das componentes de fase de um mesmo sinal. Ao contrário, quando o sinal vem de direções diferentes, as diferenças de fase são quem nos dá a espacialidade , e se vêm de duas fontes diferentes na mesma direção, o timbre final pode mudar significativamente.

Mas estamos falando aqui da seguinte experiência. Colocamos um oscilador pra tocar uma senoide de 1000Hz. E ao mesmo tempo , tocamos uma senoide de 3000Hz (seu terceiro harmônico). Ambas em fase.

A onda de baixo é a junção das duas:



O valor de pico dessa soma é


Agora, vamos deslocar a onda de 1kHz para que fique 180 graus fora de fase com a versão anterior:


 

 


A forma de onda mudou completamente e o valor de pico aumentou:



 

Mas o incrível vem agora: as duas ondas possuem o MESMO som. Nossos ouvidos, com sua sensibilidade baixa a fase, não conseguem identificar as formas de onda, apesar de facilmente identificarem que rola uma soma de duas frequências nos dois casos. Cuidado ao ouvir porque o volume é alto!



Mas não nos enganemos: são ondas diferentes, e se subtrairmos uma da outra em um null test, nesse caso aí não vai dar zero (como o 1kHz foi invertido, sobra a de 3kHz). Elas somente têm o mesmo som (humanamente falando), apesar de terem valores de pico diferentes.

 

Precisamos nos Aproveitar Disso

 

Precisamos tirar proveito disso de alguma forma, e aí , em tempos de tentativas de tirar o máximo proveito de volumes, nossos olhos já começam a brilhar com a possibilidade de passarmos de -4dB de pico para -6, e aí poder subir toda a música 2dB.

Então poderíamos ter um processador que deslocasse fase sem mexer na resposta em frequência. E aí temos o  All Pass Filter.

Vamos ver sua resposta em frequência:


 


 

Taí. Retinha. Agora vamos ver a resposta de fase:

 

 

A frequência que a gente escolhe é aquela em que a fase gira de 90 graus, já que esse é um filtro de primeira ordem. Existem filtros All Pass que giram mais a fase aumentando a ordem do filtro.

Então já vimos uma serventia, que é numa mix durante um trecho com picos altos, experimentar passar um all pass ajustando a frequência para ver se conseguimos abaixar o valor de pico e dar mais volume geral.

Esse é um recurso famoso no Rx da Izotope e que é meio que guardado a sete chaves por uma galera. E tem uma parte dessa galera que usa, mas nem sabe direito por que funciona.

 

Outros Usos


Mas a importância do APF não para por aí . Eles são os principais responsáveis pelo efeito chamado “phaser” , e são extremamente úteis na criação de algoritmos de reverbs, além de permitirem a criação de filtros de outros tipos através da combinação deles, e por aí vai.

Para quem quiser experimentar, está aí o nosso FH_APF1 de primeira ordem, que voce acha em fabiohenriques.net/plugins. Certamente vamos voltar a ele quando fizermos nosso phaser. Use com sabedoria 😊

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