Um equalizador dinâmico pode ser ao mesmo tempo uma tentação e um desafio. Se a pessoa usa de modo muito instintivo, a dificuldade em deixá-lo atuando de maneira menos perceptível acaba sendo grande. É o tipo de processamento em que não dá pra simplesmente ir rodando botões até funcionar. E acaba que muitas vezes a gente dá bypass e vê que o som estava melhor antes 😊 .
Pois bem, nesse pequeno vídeo eu demonstro um exemplo de uso consciente e pensado de um eq dinâmico para deixar a sonoridade mais útil em uma mix. É um piano gravado propositalmente com bastante ruído mecânico. Faz parte da sonoridade desejada; mas tá muito. Eu queria deixar a essência da coisa sem chamar a atenção demais, e com isso assentar melhor na mix o instrumento.
Temos dois pontos a mexer: uma parte do som é a sobra de graves que acontece entre as notas. E isso não se resolve com uma equalização simples, porque eu quero que o conteúdo grave apareça quando as notas são tocadas. A outra parte é o ruído de altas que o piano faz quando os abafadores descolam das cordas, que seria bom abaixar, mas nesse caso eu só quero abaixar as altas na hora em que as notas são tocadas – porque é aí que os abafadores soltam das cordas, e preservar os harmônicos que acontecem depois.
Para resolver isso eu fiz o seguinte. Primeiro um shelving de graves atenuando fortemente de 200Hz pra baixo. Nele eu vou ligar a equalização dinâmica, e deixar atuando como expansor para cima (upward expander) – o som fica atenuado, mas quando chega uma nota, ele para de atenuar, voltando logo depois.
No outro extremo, eu usei um shelving de altas, só que agora comprimindo para baixo (downward compressor). Ou seja, quando não tem notas tocando, o som passa normal, atenuando somente quando elas tocam.
Reparem que o som ficou bem mais comportado (e usável na mix) sem prejudicar a sonoridade original do piano.
A melhora no som é nítida.